"A resposta que a Europa dá à crise do euro está a fracassar", diz Costa
Após uma reunião com o líder do PSOE, Pedro Sánchez, em Badajoz (Espanha), no âmbito de um encontro transfronteiriço organizado pelos socialistas portugueses e espanhóis, António Costa fez esta manhã um discurso marcado pelas críticas à política de austeridade e pelo apelo à mudança. Em castelhano, no final da sua intervenção, o secretário-geral do PS garantiu: "Nós somos a mudança. Só o PSOE pode ser a mudança. Juntos vamos fazer a mudança. Juntos fá-la-emos".
Momentos antes, António Costa afirmara que o PS irá ganhar as eleições gerais de outubro.
Para o secretário-geral dos socialistas portugueses, "para que a mudança ganhe outra pujança é preciso que os governos nacionais estejam do lado certo a apoiar a mudança e não a travar a mudança". Por isso, defendeu, "só haverá mudança séria na Europa quando houver mudança nos Governos de direita que governam em Estados como Portugal". Costa apontou depois como fundamentais as vitórias do PS nas legislativas portuguesas e a dos candidatos socialistas na cidade de Badajoz e na região da Estremadura.
Num discurso em que realçou a importância da união entre Portugal e Espanha, Costa lembrou a entrada dos dois países na então CEE. "Há 30 anos quando Mário Soares e Felipe González assinaram adesão à Europa havia projeto de prosperidade, esperança de conseguir resgatar os nossos países da pobreza e muito foi feito", recordou.
"Mas a Europa para nós, socialista ibéricos, não era só um projeto de desenvolvimento, era também um espaço daquilo que as ditaduras espanhola e portuguesa nos tinham tirado durante décadas: era a liberdade, a democracia, o respeito pelos direitos humanos, a cidadania. Esses são os valores mais importantes da Europa. Hoje, 30 anos depois, sentimos que a política que é hoje dominante na Europa está a matar a confiança dos nossos cidadãos no projeto europeu. A austeridade está a matar a confiança dos nossos cidadãos pelo projeto político que é a Europa. Temos orgulho de ter no bolso uma moeda comum e de partilhar o euro, mas o que fez a Europa não foi o euro, foram os valores europeus. São esses valores que o euro tem de servir, e não renunciar a esses valores em nome de uma moeda", defendeu António Costa.
Falando da Grécia, o líder do PS afirmou que "é preciso dizer com clareza que não há um problema grego", mas sim "um problema europeu, que todos em conjunto temos de resolver". Qual a origem do problema? "Temos um euro que está por completar: não pode ser só uma moeda comum, tem de ter resultados positivos para todos e não contribuir apenas para o crescimento de cinco países. Deve ser uma moeda acompanhada de mais coesão", respondeu Costa.
O candidato socialista a primeiro-ministro concluiu que "a resposta que a Europa dá à crise do euro está a fracassar". Para Costa, "a austeridade não é a resposta. Não é a resposta em sítio nenhum". Daí a necessidade de mudança.
Ao longo da sua intervenção, António Costa defendeu a ligação ferroviária de mercadorias entre Sines e Badajoz e a criação de condições para que o Alqueva seja navegável desde Badajoz até Portugal.